Saiba quando a tarifa branca pode ser uma opção boa para o bolso

Antes de aderir a taxas diferenciadas para a fatura da energia elétrica, os interessados precisam conhecer bem o próprio consumo para não cair em uma armadilha e acabar gastando muito mais

Uma opção para a conta de luz pesar menos no orçamento das famílias brasileiras, a chamada tarifa branca, uma variação do valor da energia conforme o dia e o horário do consumo, entrou em nova etapa no começo deste ano. Desde 1º de janeiro, quem utiliza mais de 250 kWh/mês passou a contar com essa opção, destinada a residências e pequenos comércios. Até então, essa tarifa só podia ser adotada por quem gasta acima de 500kw/hora por mês. 

A tarifa branca oferece luz mais barata em horários que fogem daqueles de pico tradicional, quando o consumo é intenso. A opção é oferecida a moradores de áreas atendidas em baixa tensão (127V, 220V, 380V ou 440V). Quem não quiser adotá-la segue pagando a conta de luz tradicional, sem alteração. Tanto CEEE quanto RGE oferecem a possibilidade a seus clientes.

Como garantir a economia 

Quanto mais o consumidor deslocar o consumo de energia para os chamados períodos fora de ponta – com menor demanda, como manhã e tarde, em horários que variam de acordo com a concessionária –, maior será a economia. Mas para garantir que a fatura não fique salgada, é preciso ter certeza de que o uso de energia se manterá dentro desses turnos. 

Victor Tavares, 44 anos, tem uma tabacaria no bairro Medianeira, em Porto Alegre. A faixa média de consumo do estabelecimento fica em 250 kW/h por mês, dentro da nova faixa da tarifa branca. Desde o ano passado, a conta de energia passou a ser um dos maiores custos do negócio, ultrapassando os R$ 300 por mês. O comerciante já ouviu falar da tarifa branca, mas ainda não está convencido a fazer a migração, mesmo sendo gratuita.

– A impressão é de que o reajuste normal da tarifa pode apagar uma possível vantagem da tarifa branca. Ainda não estou certo de que vale a pena. O que tenho feito para economizar é desligar o refrigerador à noite. Não há nada perecível, e religamos cedo na manhã seguinte.

Cuidado para não cair em armadilha

De acordo com simulações baseadas na tarifa da CEEE, pode existir vantagem real para determinados perfis de clientes. Para quem consome 501 kW/h por mês, o desconto anual pode chegar a R$ 468 (sem impostos). Mas esse consumidor terá de migrar quase todo o consumo para o horário das 22h às 17h. 

Se esse mesmo cliente estiver na tarifa branca e gastar luz no pior horário (das 18h às 21h), a fatura pode ficar em R$ 496 – R$ 221 por mês mais cara do que na tarifa normal, mais de R$ 2,6 mil por ano. 

O PREÇO DA LUZ NO RS

CEEE*

Tarifa convencional: R$ 0,55 por kW/h
Em horário fora de ponta, das 22h às 17h:  R$ 0,47 por kW/h (redução de 13% em relação à tarifa convencional)
Em horário intermediário, das 17h às 18h e das 21h às 22h: R$ 0,64 por kW/h (aumento de 17% em relação à tarifa convencional)
Em horário de ponta, das 18h às 21h: R$ 0,99 por kW/h (aumento  de 80% na tarifa convencional)

* Valores sem impostos e taxa de iluminação pública Fonte: CEEE

Simulações com e sem a tarifa branca  

(Sem impostos e com uso de chuveiro elétrico, ar-condicionado, eletrodomésticos e iluminação)

Exemplo 1 — Consumo mensal de 251 kW/h 

Cliente tradicional com tarifa normal: R$ 137,45
Com picos nos horários intermediários (das 17h às 18h e das 21h às 22h) e de ponta (das 18h às 21h) 

Cliente com tarifa branca no horário de ponta: R$ 248,50
Com quase todo o consumo entre 18h e 21h
Conta R$ 111 por mês mais cara do que na tarifa tradicional, cerca de R$ 1.332 por ano
Conclusão: não vale a pena aderir.

Cliente com tarifa branca no horário fora de ponta: R$ 118
Com quase todo o consumo entre 22h e 17h
Conta R$ 19,45 por mês mais barata do que a tarifa tradicional, cerca de R$ 233 por ano. Conclusão: pode ser bom aderir, desde que o consumo se mantenha nessa faixa ao longo do ano.

Exemplo 2 – Consumo mensal de 501 kW/h 

Cliente tradicional com tarifa normal: R$ 274,35
Com picos nos horários intermediários (das 17h às 18h e das 21h às 22h) e de ponta (das 18h às 21h)

Cliente com tarifa branca no horário de ponta: R$ 496
Quase todo o consumo entre 18h e 21h
Conta R$ 221,64 por mês mais cara do que na tarifa tradicional, cerca de R$ 2.652 por ano
Conclusão: não vale a pena aderir.

Cliente com tarifa branca no horário fora de ponta: R$ 235,47
Quase todo o consumo entre 22h e 17h
Conta fica R$ 39 por mês mais barata do que a tarifa tradicional, cerca de R$ 468 por ano
Mais informações: 0800-721-2333 ou no site da CEEE

RGE*

• Fora de ponta: das 23h30min às 19h
• Intermediário: das 22h às 23h30min
• Ponta: das 19h às 22h

* De acordo com a RGE, devido à quantidade de tarifas, o preço do kWh varia conforme a classe de consumidor. Quanto a simulações, somente podem ser feitas pelos clientes no site, onde também estão as tarifas cobradas.

Mais informações: 0800-970-0900 ou no site da RGE

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